X Share

Uma conversa sobre oratória: como os professores podem desenvolver as habilidades de oratória dos alunos

Teaching strategies  Europe  

Helen Rees-Bidder é autora da obra Approaches to Learning and Teaching First Language English (Abordagens para o Ensino e Aprendizagem do Inglês como Primeiro Idioma).

O que significa “oratória”?

O termo “oratória” foi cunhado na década de 60 por Andrew Wilkinson. A ideia de Wilkinson era que se deveria atribuir à oratória a mesma importância que se atribui ao numeramento e à alfabetização nas grades curriculares das escolas. Entretanto, 50 anos depois, não parece ser esse o caso na maioria das escolas.

Nas escolas onde os alunos são educados em inglês, mas falam outro idioma em casa, comandar a aprendizagem por meio da oratória é ainda mais importante.

A linguagem precisa ser adquirida naturalmente para construir fluência natural, e, em vez de aprenderem novo vocabulário para uso em respostas escritas, deve-se oferecer aos alunos oportunidades para construírem vocabulário de conteúdo por meio de debates e apresentações orais. Quando o inglês falado de um aluno melhora, evoluções em seu inglês escrito surgirão por consequência.

Oratória de professores

Como Chefe de uma Faculdade de Artes Cênicas, tomei ciência de como muitos membros experientes do corpo docente não gostavam de fazer apresentações formais. Frequentemente, o maior medo de uma pessoa que acabara de ser eleita “Líder do Ano” era falar nas assembleias.

Também notei que, nas reuniões, colegas muitas vezes evitavam oportunidades de expressar opiniões ou fazer contribuições, muito embora, depois que as reuniões terminavam, tivessem muito a dizer sobre o que tinha sido discutido enquanto caminhávamos para o estacionamento.

Parecia estranho que pessoas que tivessem escolhido uma profissão que depende tanto de uma oratória eficiente sentissem-se tão desconfortáveis ao utilizar suas habilidades de oratória fora da zona de conforto de sua sala de aula.

Falar de modo confiante em público, seja ao fazer uma apresentação ou ao participar de uma reunião, é algo que sempre tomei como certo, provavelmente devido à minha paixão pelo teatro tanto na época da escola quanto na universidade.

De fato, foi por meio de aulas de teatro extracurriculares que aprendi a usar minha voz de forma eficiente, trabalhar de forma colaborativa e desenvolver minha autoconfiança.

Foi somente quando comecei a dar aulas de teatro em uma escola bem acadêmica que me dei conta que frequentemente os pais encorajavam (ou mesmo forçavam) o filho ou filha a fazerem o curso de IGCSE Drama ou de Discurso e Encenação para desenvolverem sua autoconfiança, capacidade de fazer apresentações e articular ideias, e não porque eles gostavam de atuar.

Foi então que percebi que não deveria caber a um departamento de Artes Cênicas ensinar e desenvolver habilidades de oratória, que são tão cruciais, em todos os aspectos, para a vida no século 21. As crianças precisam ser autoconfiantes e comunicadoras eficientes para se tornarem jovens cidadãos empoderados.

No mundo do trabalho, o sucesso de nossa comunicação provavelmente será o primeiro elemento a ser observado ao julgarem nossa eficácia em qualquer campo de trabalho em que atuemos.

Certamente, é trabalho de todo professor, independentemente da matéria que leciona, desenvolver as habilidades de oratória dos alunos.

A Voice 21, um conjunto de campanhas do Reino Unido que promove a oratória na sala de aula, produziu uma estrutura de oratória que define quatro grupos de habilidades que possibilitam uma oratória eficaz:

Oratória: Os Quatro Grupos de Habilidades

Utilize a estrutura de oratória para compreender as habilidades físicas, linguísticas, cognitivas e sociais/emocionais que permitem o sucesso de discussões, inspirando discursos e comunicação eficiente.

Essa estrutura não se aplica a uma matéria específica mas destaca que a oratória deve ser desenvolvida em toda a grade curricular, em vez de ser mantida como exclusividade das aulas de língua inglesa.

Então como os professores podem desenvolver as habilidades de oratória de cada aluno?

  1. Mudando sua cultura de sala de aula para garantir que cada aula seja estruturada intencionalmente de forma a incluir a oratória, esperando que cada aluno contribua
  2. Desenvolvendo o idioma utilizado para discussões nas aulas explorando a forma pela qual a linguagem oral é estruturada e ensinando aos alunos as ferramentas para uma oratória eficaz
  3. Estabelecendo regras para assegurar que debates sejam realizados de acordo com diretrizes claras, permitindo que todo aluno participe. Veja um exemplo de diretrizes para discussões preparado pela Voice 21 mais adiante
  4. Servindo como exemplo de oratória eficaz por meio do seu próprio tom de voz, vocabulário e conteúdo, bem como aplicando as regras a si mesmo
  5. Oferecendo embasamento e orientações criteriosos para discussões utilizando diferentes tipos de perguntas
  6. Refletindo cuidadosamente sobre como diferentes tipos de trabalho em grupo funcionam para atividades diferentes
  7. Utilizando a oratória de forma construtiva para analisar conhecimentos e compreensão

Demonstrando habilidades de comunicação

Minha filha recentemente conquistou seu primeiro emprego. Ela ficou nervosa ao se candidatar a empregos porque havia se formado em Dança. A preocupação dela era que suas candidaturas para vagas nas áreas de recrutamento e marketing não seriam aceitas pelo fato de ela não ter se formado em uma matéria “acadêmica” mais tradicional.

Quando lhe ofereceram um emprego, disseram que tinham achado suas habilidades de comunicação excelentes e que ela havia demonstrado compreensão verdadeira sobre a importância da colaboração e flexibilidade de pensamento em suas entrevistas (quer seja por telefone, vídeo ou presencialmente).

Essas são habilidades que precisamos demonstrar toda vez que participamos de uma entrevista ou avaliação. Chegar à próxima etapa de um processo seletivo costuma depender do nosso sucesso ao demonstrá-las. Trata-se de habilidades que só podem ser desenvolvidas por meio da oratória!


Quer saber mais sobre a Jornada Cambridge? Contate nosso time na América Latina e entenda como Cambridge está preparando os alunos para o mundo em nossa região.


Leituras Sugeridas

 Leia mais artigos da autora na série “Abordagens ao Ensino e Aprendizagem”:

Go back
X Share

Stay up to date

Subscribe to our blogs to recieve latest insights straight to your inbox